Fazer melismas nas músicas cristãs é válido ou não?

Por Elvis Tavares

Primeiramente é necessário ressaltar aqui que a diversidade de denominações evangélicas traz consigo a evidência das características próprias de cada uma delas, até para se diferenciar o credo denominacional (Batista, Presbiteriana, Assembleia de Deus, Congregacional etc), todos surgidos no evento pós-reformista liderado por Lutero.

 

A música cristã contemporânea tem, portanto, seus cantores, cantoras e bandas que atuam na gravação de discos – agora em menor escala devido ao advento da plataforma digital – e todos normalmente com o vínculo a uma denominação.

 

Há uns que reproduzem em sua músicas a liturgia da igreja de onde são amembrados e outros há que gravam letras mais abrangentes sem restringi-las à doutrina específica de sua denominação.

 

Concordo com o cantor adventista Ton Carfi quando ressalta que a música entoada no Velho Testamento presumivelmente se valia de uma forma de cantar melismática e a presunção aumenta porque isso ainda se ouve nas músicas orientais – os cantos gregorianos também têm historicamente os melismas como uso comum nos cânticos.

 

Há também o caso emblemático da Plantation Music (ou Race Music) onde os negros norte-americanos em trabalho escravo nas lavouras entoavam seus cânticos a Deus utilizando melismas em abundância, gerando daí, por exemplo, a influência musical no gospel, no blues, no jazz.

 

A denominação Assembleia de Deus tem seu embrião nos Estados Unidos a partir dos trabalhos do pastor negro William Seymour, fundador da igreja (na Rua Azuza) com essa nomenclatura, e por força da cultura musical herdada daqueles negros ascendentes, a música melismática tinha seu lugar nos cultos.

 

Já a liturgia empregada na Assembleia de Deus, esta existente no Brasil desde 1911 pela ação dos missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, adotou a música que foi composta e/ou versionada majoritariamente por compositores caucasianos, com ritmos marcados por marchas (“Os guerreiros se preparam para a grande luta…”) e valsas (“A face adorada de Jesus verei…”), para dar dois exemplos rítmicos.

 

Concluindo, entendo – e é o ponto de concordância com o vídeo do respeitável pastor – que os excessos ofuscam a interpretação da música, seja no uso de melismas ou algo que o valha. E isto não só durante o momento de reunião de um culto.

 

Texto extraído de OS GRANDES ÁLBUNS DA MÚSICA CRISTÃ CONTEMPORÂNEA.

 

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