A História do Hino “Segura na Mão de Jesus”
Em 1981, Lídia de Assis explode em todo Brasil com o hino “Segura na Mão de Jesus”. A cantora mirim de Brasília despontava em seu segundo LP. Seu primeiro LP, de 1978, intitulado “Deus Tudo Vê”, trazia a foto da menina em frente ao monumento da capital federal. Neste tempo, não havia cantoras meninas; Lídia inaugurava o nicho junto com Denise Cardoso, sobrinha do cantor Luiz de Carvalho. O disco estava catalogado pelo selo da gravadora carioca Bandeira Branca, mas como chegou este grande sucesso nas mãos da Lídia de Assis? É essa história que vamos contar.
Minha mãe Bernardina, conhecida por todos como Caçula, passava pelo momento mais difícil de sua vida, pois sua mãe Isaura Maria da Conceição de Souza, de codinome “Mãezinha”, havia anunciado sua própria morte e fez questão da presença de todos os seus filhos ao seu redor nos seus últimos dias. Mãezinha foi obrigada a casar ainda adolescente, com um homem mais velho e teve 6 filhos; depois, viúva conheceu meu avô Manuel Pereira de Souza, conhecido como “Seu Machado”, e se casou com ele por amor. Ele tinha também 6 filhos e com ela teve mais 3 filhos. Minha mãe foi a última filha, por isso apelidada de Caçula.
Em 1971, minha avó “Mãezinha” teve um tumor na coluna e com isso não andava mais, então se submeteu a uma cirurgia que durou 11 horas, e quando estava em repouso caiu da cama e teve seus pontos todos abertos. Com isso, sua condição foi sentenciada a passar seus dias deitada em uma cama. Essa condenação não abalou a sua fé. Pelo contrário, se tornou uma mulher de muita oração, de visões e revelações e se tornou um apoio espiritual de muita gente que a procurava.
Em 1978, na sua intimidade com Deus, lhe foi revelado que aqueles eram seus últimos dias e minha mãe Caçula foi passar com ela seus últimos dias de vida. Foi no domingo, passou a semana com ela e minha avó morreu na sexta. Chegando em casa, minha mãe pôs-se a chorar desesperadamente, mergulhada em uma tristeza profunda, sem um norte, completamente perdida. Meu pai, Leonel de Souza, vendo aquela situação tentava chegar perto, mas sem sucesso em tentar consolar. Aquele cenário da minha mãe no quarto chorando muito começou a incomodar e foi então que minha mãe no quarto ouve na sala meu pai pegar no violão e começar a cantar o hino que acabava de fazer como resposta aquela situação e o hino era “Segura na Mão de Jesus”:
“Se as vezes problemas da vida parecem insolúveis
Fazendo até mesmo em momentos você a chorar
Mas quando é o crente fiel que se vê neste apuro
Segura na mão de Jesus e começa a cantar
Segura na mão de Jesus
Segura na mão de Jesus
Segura na mão de Jesus e comece a cantar
Segura na mão de Jesus
Segura na mão de Jesus
E todas as lutas da vida você vencerá
Se as trevas que o cercam agora parecem intensas
E já não sentes coragem mais de caminhas
Eleve os seus olhos agora com fé para o alto
Segura nas mãos de Jesus e comece a cantar
Um dia bem perto eu sei findará toda luta
Espinhos e trevas pra mim sei que não haverá
Porque cristo breve mui breve levará seu povo
Segurando na mão de Jesus subirei a cantar.”
Naquele momento, minha mãe teve seu espírito renovado e o luto acabou milagrosamente. Ela se lembrou dos 4 filhos, Lúcia, Luciane, Ledinilson e Leonel Junior, do marido, da casa e de uma novidade: antes de morrer minha avó havia anunciado que minha mãe estaria grávida e com isso deu a ela de presente uma toalha com capuz pra embalar o bebê na saída do banho. Minha mãe nem imaginava que estaria grávida e pouco tempo depois nasceu a caçula, Lediane, em 11 de janeiro de 1980.
Em 1979, meu pai grava o hino em uma fita K7 com voz e violão, e leva para o amigo Otoni de Paula, diretor de produção da gravadora Bandeira Branca, que, ao ouvir a canção, logo encaminha para a adolescente Lídia de Assis que estava gravando o segundo LP. E, assim, a música e a cantora ganharam visibilidade nacional. Esse hino foi gravado mais tarde por muitos cantores como Vaninha Pingo de Gente, o cantor popular Naim , Edivaldo Santos e muitos outros