MK Music: o império continua de pé!

Talvez por ser  da Assembleia de Deus na Baixada nos anos 80, eu, Ledinilson, não conhecia Marina de Oliveira até a criação da Rádio Melodia em 1988. O hit “Faça um Teste” e depois TODAS AS CANÇÕES do LP “Imenso Amor” foram sucessos nas igrejas e grupos de jovens. Tinha uma pegada musical americanizada e com qualidade pouco comum na época. Meu pai era pastor de uma igrejinha com 50 membros em Belford Roxo e Marina de oliveira, em pleno sucesso, foi lá se apresentar. Foi carismática, atendeu pedidos e foi extremamente amistosa.

No final dos anos 80, existiam vários eventos acontecendo nas igrejas. Rolava Louvorzão, Sabadão e Segundão Jovem, que, geralmente eram reflexos dos eventos que despontavam na RBN, lideradas por Paulo César Graça e Paz, Fabio Rogers, Marcos Santarem, a Vigília de Bento Ribeiro, Tabernáculo da Lagoa, Comunidade Zona Sul e o próprio Rebanhão que realizava programações no SESC, Cine Show Madureira, dentre outros. Entretanto, o ápice eram as programações da Quinta da Boa Vista, onde Paulo Cesar chegou a levar mais de 100 mil pessoas, apenas divulgando o evento no seu programa de uma hora na Rádio Boas Novas AM.

Em 1988, Rebanhão vai ao Canecão e abre um nova era para a  música evangélica. Agora, evangélicos deixavam de se apresentar exclusivamente em igrejas e eventos ao ar livre e invadiam casas de shows. Banda e Voz lança 2 LP’s pela Bom Pastor gravados ao vivo no Canecão, na mesma época em que Cazuza lançava o icônico LP “O Tempo não Para” no mesmo local. Marina de Oliveira faz seu show no Canecão também, seguida por Martin Lutero, Semeando e Catedral que gravou o LP comemorativo de 5 anos. Porém, se engana quem pensa que apenas o Canecão abria portas para os evangélicos. Rio Sampa, Imperator, Cine Show Madureira e ginásios agendavam eventos também.

Tínhamos Rebanhão, Sinal de Alerta, Catedral, Complexo J, Banda e Voz (ex-Banda Fé) Novo Som, Banda Rhema, Grupo Liberdade, Banda Alfa, Conjunto Sonoros, Banda Lumiar, Semeando e os cantores Martin Lutero, Álvaro Tito, Ronaldo Reis, Marcos Góes, Ivanilson,  Cristiane Carvalho, Rosane Leonardo, Cassiane , Andrea Fontes, Marina de Oliveira, Cristina Mel, Fernanda Brum…

É nesse cenário que surge no dia 27/05/1987 a MK Publicitá (MK = Marina e Katia, secretária do Arolde), onde o deputado Arolde Oliveira (pai da marina) fundou a empresa que se tornaria um império nos anos 90. Seu primeiro grande sucesso de vendas ironicamente não foi um trabalho da Marina, que vendeu muito, mas da pequena notável Cassiane, mega campeã de vendas da gravadora.

Bem, mas agora vou falar da minha perspectiva do que significou a existência da gravadora que fez a diferença. Antes da MK, os cantores eram poucos valorizados e, apesar de já existir um mercado evangélico, somente as gravadoras distribuíam os Lp’s nas lojas. Esse mercado também compreendia as rádios e os DJ’s jabás que recebiam caixa 2 pra tocar o sucesso contratado. E os cantores? Compravam seus discos da gravadora com desconto de lojista e vendiam de porta em porta nas igrejas que se apresentavam. Marina profissionalizou o mercado evangélico, valorizou os cantores e falo isso num bom sentido de honra e respeito. Cheguei a ouvir um dono de gravadora evangélica muito famosa dos anos 70/80 dizendo que cantor crente não tem que ganhar dinheiro, porque sua inspiração é divina e não poética! O figurão era espírita.
Frequentei a casa de vários cantores na época e, por exemplo, Jair Pires (da dupla Jair e Hosana, apesar de ser a maior dupla dos anos 70 com zilhões de sucessos) vivia humildemente, sem luxo nenhum, mas isso não era uma opção; ele não tinha condições mesmo. Posso citar um monte de gente cantores da Caravana do Josias Menezes ou  da Caravana Dirceu Amaro que viviam nos apertos e provações econômicas. Marina passou a produzir com qualidade os seus selos, com stúdio de nível profissional, mantendo um alto padrão de qualidade, pois, antes, muito cantores gravavam em 4 canais. A MK mudou isso! Os cantores passaram a ser valorizados como ferramenta prioritária e sua arte potencializada. A MK chegou a investir na aparência dos seus contratados, desde tratamento dentário, spa e plano de saúde. isso foi revolucionário! Uma visão empresarial que até então não existia. A partir de então, todas as outras gravadoras tiveram que seguir o padrão MK e assim tivemos o “boom” da musica gospel nos anos 90.

Respeito muito essa empresa por toda sua organização, mesmo existindo falhas, como em qualquer empresa que arrisca, no entanto, seu bônus excede seu ônus.

Uma dica: a gravadora poderia fazer um DVD comemorativo com bandas que NÃO ESTÃO NA MÍDIA, mas que continuam na estrada, isso seria memorável! Seria a volta da fase poética.
Vida longa a MK!

Ledinilson de Souza

3 comentários em “MK Music: o império continua de pé!

  • 24/08/2020 em 12:48
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    Estrada construida com amor, com esse relato , historico da nossa cultura cristã.
    Gloria a Deus.

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  • 24/08/2020 em 14:08
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    Mas que texto Maravilhoso! Ledinilson apresentou estas histórias importantes sobre o período!
    Que visão maravilhosa!
    Assino embaixo em todos os temas apontados pelo “ENCICLOPÉDIA DA MÚSICA EVANGÉLICA”. Sem dúvida nenhuma esta gravadora realmente merece tais adjetivos, e elogios Parabéns LED!
    Parabéns MK!

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  • 24/08/2020 em 17:57
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    Grande Homem de Deus!
    Ledinilson, fico revivendo os melhores anos da minha vida crsitâ dentro das suas linhas, quando menciona esses ícones da música evangélica.
    Obrigado pela matéria, isso traz a tona a nós outros como nasceu uma história. Parabéns pela postagem, e outro parabéns por ter vivido esse momento.
    Sou de uma cidadezinha pequena, quando converti morava na zona rural, por la os louvores que chegavam pela rádio Morumbi era o que conhecíamos, quando mudamos pra cidade, os sucessos chegavam atrasados, mas chegavam. conhecí outros ritmos, um padrão diferente de Tony silva, Matheus Iensen, Luiz de Carvalho e muitos outros. Comecei cantar Nicollete, Luiz Arthur, mas quando chegou o Ivanilson, Ed Wilson, Actos 2, canarinhos de Cristo, tive a honra de ver num mesmo palco Sinal de Alerta, Martim Lutero citado por você, Brother Simion e Irmãos Levitas. Dai veio os ritmos para nossa região, O Adhemar de Campos, e o Janires modificou nosso estilo.
    Tenho saudades daquela época em que o louvor era autêntico, hoje ta muito diferente, mas conservo as raizes,
    Perdoe meu irmão me empolguei e fiz um jornal, meio sem conexão me emocionei e teclei demais.
    Abraços

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