Fui me alistar. Olha o que aconteceu…

No ano de 1989, fui ao ministério do exército fazer a triagem e avaliações necessárias para adentrar nas forças armadas; eu era um garoto com a criatividade a flor da pele, atuando intensamente na igrejas, dirigindo células, tocando no Louvor, fazendo “N” cursos na área artística, desenho, técnicas em guache, escultura, publicidade técnica, letrista, etc. Eu era ligado na tomada 220, aí chegou a notificação: —Você precisa ir ao palácio duque de Caxias no centro do RJ Para avaliação e possível engejamento militar.
Confesso que tremi na base só de saber que iria passar por todas aquelas situações no quartel. Apavorei, afinal de contas eu era um Zé banana, fraco e um verdadeiro cordeirinho no meio de lobos, filho único, pai com bom emprego e criado por avó; eu era um “Leite com pêra” da minha geração. Confesso a vocês: eu daria um “esporro” em mim mesmo hoje, no estilo Silas Malafaia.

—SEJA HÔME!

Mas tudo bem. Fui ao compromisso, cheguei cedo com walkman gigante actira colo e meu fone de ouvido ao som de Rebanhão; recebi já a primeira impressão do exército um soldado:

—GUARDA JÁ ESSA PORCARIA E FICA NA FILA!
Guardei na mochila e fiquei quieto, confesso que estava tenso.
Fui dirigido acima antesala pequena com cerca de 10 jovens que eram chamados aos poucos, eu estava nervoso porque não queria servir, na época envolvido com os compromissos da igreja, fiquei pensando o que diria ao militar que fosse me entrevistar.
A porta se abriu, um soldado alto falou:
Os próximos dez, avante sentem nas cadeiras!
Existiam 10 mesas, cada uma com duas cadeiras frente a frente, uma do entrevistador outra do entrevistado; sentei de fronte ao milico, era um senhor de cerca de 52 anos, com um bigode e expressões que faziam medo ao fracote do Alexandre. Sem rodeios, ele me perguntou:

—”BOA TARDE MEU JOVEM, VOCÊ DESEJA SERVIR A PÁTRIA?”

Eu realmente não queria servir ou ter vida militar, nunca me interessei por isso (confesso hoje arrependido), mas voltando…pensei comigo:
O que dizer? Já sei vou, dar uma de ator, malandro…”
Fiz cara de coitado e falei:

Bem senhor eu não gostaria de servir porque se houver uma guerra eu terei de matar (com cara de pau lavada) e eu sou evangélico, nós crentes somos contra matar!

Finalizei corajosamente:

—”não matarás

O sargentão gigante olhou pra mim…
Leu minha ficha…olhou nos meus olhos ….

Levantou deu sua mão ESQUERDA pra mim e disse:

— A PAZ DO SENHOR SOU PASTOR DA ASSEMBLEIA DE DEUS!

Eu gelei na hora e pensei: “Agora que vou servir” (kkkk).

Ele pegou minha ficha carimbou colocou numa pasta e gritou:

— Próximo!

Pra mim disse:

—Pode sair por ali, aguarde a correspondência.

Eu saí com muita expectativa, estes 22 dias subsequentes foram terríveis, pelo suspense mas a resposta chegou:

Dispensado da corporação: “Arrimo de família”

Fim

Lição que aprendi:

“IMATURIDADE FAZ QUE TALVEZ PERCAMOS OPORTUNIDADES”

Alexandre Passos | Jornalista

5 comentários em “Fui me alistar. Olha o que aconteceu…

  • 29/03/2020 em 20:00
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    Adorei o texto. Prende a atenção. Suspense na medida. Gostei de como ficou a conclusão. Bom saber que os homens também medram e não se envergonham de contar.
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  • 30/03/2020 em 13:15
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    Muito bem escrito. Fui lendo e imaginando a cena do Alexandre no quartel…kkkk. Muito bom!!

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