A PRIMEIRA VIAGEM DE AVIÃO

 

 

(Baseado em fatos reais)

 

Eu não sei qual é a sua experiência, mas com 40 anos fiz minha primeira viagem de avião, parece uma coisa muito simplória para você que está acostumado a viajar com uma certa constância. Nunca tinha tido oportunidade de fazer uma viagem aérea.

A verdade é que sempre refletir no fato de uma aeronave que pesa 700 toneladas pudessem levantar vôo em uma altíssima velocidade. Se pensarmos, bem parece impossível que uma transporte desses carrega, além de seu próprio peso, passageiros, tripulação e bagagem. Tudo bem, vamos seguir a história:

 

Eu sempre desejei ir ao congresso Diante do Trono na Igreja Batista da Lagoinha, em BH. Graças a Deus, no ano de 2018 chegou a oportunidade de ir ao congresso.

Nos inscrevemos e garantimos a estadia num bom hotel. Para ir, eu já estava acostumado a ir de ônibus, mas Kátia disse:

 

— Vamos de avião!

— Ah, que bom! Mas eu nunca viajei de avião (já tremendo de medo).

 

Mas disfarcei, fiquei pensativo e com medo, pois já tinha visto nos dias que antecederam a viagem o filme “Serpentes a Bordo” e documentários sobre quedas de avião! Fui conversar com alguns irmãos da igreja e eles começaram a contar histórias sobre situações que passaram em aeroporto e viagens no grande pássaro de metal. Todas essas histórias eram no mínimo derrotas e situações traumáticas. A verdade é que eu só estava encontrando pessoas que estavam me colocando mais pra baixo do que já estava.

 

Corta para o dia da viagem. Estava eu nervoso com a saída do Rio de Janeiro, pegamos um Uber e fomos até o aeroporto.

Interessante que a experiência da viagem já começa no aeroporto. Para evitar todo e qualquer problema chegamos pelo menos umas 2 horas antes do vôo e antes do embarque ela falou:

 

— Vamos tomar um café?

 

Fazer um lanche parecia ideal até porque iríamos direto para a igreja.

 

Sempre vemos reportagens que descrevem os valores abusivos naquele local:

Café…15,00

Pão de queijo… 5 por 25,00

Pizza brotinho… 35,00

E por aí vai…

 

Praticamente uma refeição no restaurante italiano próximo da minha casa custaria R$ 100, 00 – refeição para dois.

 

Kátia disse:

 

—Vamos fazer o check-in

—O que é que tem o Chiquinho!

—Que Chiquinho? É Check- in!

—Ah, tah!

 

Eu parecia uma criança tirando foto de tudo. A pessoa poderia até perguntar:

— Primeira vez no Brasil?

Ela responderia:

— Não, primeira vez no avião!

 

— Fiz o tal de “Chiquinho”,

—Obrigada, boa viagem!

 

Entrei num túnel e quando olhei o avião achei que era muito pequeno, tudo indicava que não dá prá voltar. É definitivo. Vamos voar!

 

Meu sentimento era um misto de curiosidade e medo. Fotografava tudo! Lia tudo (avisos, placas, a superfície, teto, assentos, etc.).

 

Assim que cheguei no meu banco a aeromoça veio atrás de mim e me entregou uma pastinha e me disse:

 

—Senhor, peço que leia com bastante atenção estas orientações, pois está sentado ao lado da asa onde poderá orientar as pessoas num possível acidente.

 

É claro que ela não falou assim, falou de forma técnica, não desse jeito dramático que ouvi.

 

—Como assim moça? Essa é minha primeira viagem!

 

—Sim, senhor, essas instruções são para uma possível emergência tenho certeza que não vai acontecer nada.

 

Nem tinha notado que estava sentado na janela ao lado da asa, porque observava o interior da nave.

 

—Será que não poderia sentar em cima da caixa preta? Pelo menos a caixa preta é encontrada, rsrsrs.

 

Ela deu um sorriso meio amarelo, mas não riu, deve estar acostumada com esta piada.

 

Quando passou o carrinho com produtos me foi oferecida a água, eu queria o refri. A Kátia disse:

— É pago tá?

— Posso ver o cardápio?

 

Gente, era mais caro do que no aeroporto, resolvi ficar na água mesmo!

 

Estava muito tenso que tinha esquecido que tinha uma garrafa d’água cheia do meu lado.

O avião começou o processo de decolagem. Detalhe: dizem que a parte mais TENSA de um voo é momento decolagem! Eu não sei se é verdade, mas o nervosismo era demais. Segurava o braço da poltrona com muita força e dizia bem baixinho

 

—Serpentes à bordo! Serpentes à bordo!

 

Katia riu. Não sei se ela ouviu, mas, ora eu apertava o braço da patrona ora esmagava a mãozinha de minha mulher, tadinha. Ela? Ela ria…

 

— Ta subindo!

— Claro é um avião!

 

O avião começou a decolar e alcançar uma velocidade e a inclinar-se o bico para cima. Kátia é muito boba, ficava rindo da minha cara nesse momento meu de “sofrimento”

Eu disse para ela:

 

—Esse avião não vai ficar nivelado não?

—Ele está nivelado!

—Não! Ele está com bico para cima, está inclinado! Isso é assim mesmo? Ele viaja inclinado?

 

—Deixa de bobeira, né! Ele não está de bico para cima isso não faz diferença!

 

Imediatamente coloquei a garrafa d’água chão ela rolou para baixo.

 

—Viu? Bico pra cima! Bico pra cima! Aeromoça? Ele não está de bico pra cima?

— Hã? bico?

— Quieto! Nada, não aeromoça, ele está na primeira viagem!

—Ah, tudo bem! O senhor deseja um café?água?

—Traz os dois!

 

A aeromoça se dirigiu à frente do corredor e começou a explicar os procedimentos no caso de haver descompressão no vôo e eu pensava: “será que já posso viajar com essa máscara no colo?” Minha imaginação foi ainda mais longe. IMAGINEI como se ela estivesse falando as seguintes palavras:

 

—Senhoras e senhores, quando o avião estiver turbulento e caindo coloque as máscaras e dirijam se ao moço que está ao lado da asa do avião. Ele tem todas as instruções para auxiliar vocês num pouso de emergência. É claro que tudo isso estava na minha CABEÇA. Ela explicou muito bem os procedimentos.

 

Fiquei imaginando: “bou ler a revista VEJA”

Só faltava abrir a manchete e ter a seguinte notícia:

“Piloto do avião que caiu em Taiwan desligou motor errado”. Eita! Revista não é boa pra ler nestas horas!

 

Chegou o copo d’água. Te garanto que se perguntasse ao comissário de bordo qual time que torce: “Vasco” (o time “CAIU” para a segundona em 2015).

Aproveitei e pedi o mais um copo de água, e o Nescafé chegou (detesto), mas estava delicioso, bebi igual a cachaça, numa golada só!

 

Perguntei a Kátia:

—Que horas sai o almoço?

—Tá maluco? Almoço numa viagem de 40 minutos? Abaixa já essa bandeija!

 

Quando ainda adoçava o café o piloto informava que estava se aproximando do aeroporto de Confins, “enfins” ele iria pousar. Ufa!

Chegamos! O meu maior desejo era sair, só faltava fazer igual o Papa João Paulo II: beijar o asfalto. Demorei um pouco no banheiro porque tinha bebido água demais.

Enfim, fomos a Lagoinha, participamos do evento. FOI MARAVILHOSO!

O retorno ao Rio de Janeiro foi tranquilo, sem muita água, já mais calmo olhava “corajosamente” pela janela. Que viagem maravilhosa! Nem mesmo senti aquele medo no retorno, foi uma viagem agradável.

 

O que aprendo com isso?

Nossa mente está acostumada com as coisas negativas, nossa expectativa sempre é que não vai dar certo! Somos falhos, tudo ocorre para que o medo predomine a situação. Assim é nossa vida!

Quando enfrentamos algo desconhecido, criamos as piores imagens, um genuíno “bicho de sete cabeças”!

A verdade é que temos de ACREDITAR no “PILOTO DE NOSSAS VIDAS”. Quando temos essa confiança viajamos na mais perfeita paz e tranquilidade.

Da mesma forma que foi minha volta aí Rio, Jesus está conosco no “VÔO DA VIDA” você pode até passar por “TURBULÊNCIAS” mas ele não deixará você sozinho! O salvador pegará em nossa mão forte e nos dirá:

 

“…e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.”

 

Mateus 28:20b

 

Na Paz!

Alexandre Passos

 

Alexandre é professor dos

Seminários teológicos STESV

E IBADEP, além de Palestrante, Conferencista e escritor.

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