Quando Há Falha na Comunicação

Não sei se você conhece aquela expressão que diz “comunicação não é o que você fala, mas o que as pessoas entendem“. Hoje vamos contar mais uma história sobre algo peculiar que aconteceu comigo.

Eu tenho um grande amigo de infância chamado Joel Pereira Viana. Ele estava experimentando algo novo na sua vida, comprou sua primeira moto! Então, quando o reencontrei, precisei urgentemente da sua ajuda para resolver um problema em uma de nossas igrejas, a qual frequentávamos. Pedi sua presença para essa missão, porém ressalto que não gosto de andar de moto, pois meu pensamento é igual ao do Jô Soares: “moto só tem duas rodas, foi feita para cair!”

Porém eu necessitava resolver a situação de forma rápida; era uma Sizuki de 125 cilindradas. Sentei na sua garupa e disposto a cumprir a missão urgente. Assim que sentei, falei com o meu amigo:
— Ué, cadê meu capacete?
Ele então me respondeu:
— Não tem capacete!
Ele já estava usando um e em seguida ele me disse:
— Pega o que está na mochila!
Abri a mochila e vi apenas um pequeno capacete do modelo “côco”, aqueles capacetes que só cobrem o cucurucho da cabeça. Além de pequeno e velho, a sua fivela não estava em boas condições de segurança.

Disse ao meu amigo Joel:
— Não tem outro, não?

Ele então me retrucou:
— Não! Só tem esse mesmo. A gente vai ali no comércio local e voltamos logo! Vai ser muito rápido!

Meio contrariado, coloquei o capacete “côco”, prendi a sua fivela no meu queixo. Para ter uma ideia, não havia nem mais presilha metálica para travar o acessório! Mesmo assim, fiz um amarrado firme, mas dúbio.

Começamos a andar pelo bairro em busca do que necessitávamos para resolver o problema, no entanto, em todos as lojas comerciais que nós íamos não encontrávamos o produto que precisávamos.

Depois de tanto procurar, pensei comigo: “o que fazer?”

Ele então falou:
— Não tem jeito, teremos de ir até a região Central de Cabo Frio!

Eu concordei e depois de tantas paradas que fizemos e tantas amarradas no capacete, ele começou a bambear. Pegamos a estrada principal, na qual existiam alguns redutores de velocidade. Quando olhei no relógio e vi que estávamos atrasados e ele também constatou o atraso, considerando que era feriado de Carnaval e muito barulho, com  muito trânsito e todos com muita pressa.

Ele como condutor viu a necessidade de acelerar mais um pouco e, com isso, o capacete começou a escorregar para trás, indo pra minha nuca e eu muito desconfortável ainda estava segurando a parte metálica do banco comecei a gritar para ele:

— Pára de correr!

Só que ele ACELERAVA mais e  me  perguntava:
— É para correr?

E eu tentando explicar:

— não é PÁRA CORRER!

Ele então falou:
—AHHH… É PARA EU CORRER! ENTENDI!

Eu continuei insistindo:
— Nãaaaaao!

Isso tudo acontecia numa via expressa, não havia a possibilidade de pararmos a viagem, pois o vento fazia com que o meu capacete fosse para cima e saísse da minha cabeça, indo para a nuca, e o pior de tudo, estava caindo.
Bem, pela lógica a fivela foi para minha boca e parei ela com os lábios. “Isso vai cair pra trás e causar acidente”, pensei. Parte da fivela já amassava meu nariz em suma. Fiquei igual a um cavalo com o freio a boca,

—Mmmmmm! mmmmmm!

— O quê?

—Mmmmmm! mmmmmm!

Ele olhou pra trás rapidamente e parou no acostamento, quando viu minha situação, rimos muito, e eu falei:
— Não te pedi para PARAR de correr?

Ele me disse:
— eu entendi que NÃO ERA para eu PARAR! E rimos muito daquela situação…

Na lição que aprendemos nesta tragicômica história é que muitas vezes os ruídos de comunicação que nos cercam não permitem entendimento da forma adequada. Isso ocorre muito nas redes sociais, percebo que às vezes estamos falando a mesma coisa ou até mesmo defendendo igualmente  princípios, mas de forma diferente, discutindo e debatendo como se fossemos de lados opostos.
Temos que reduzir um pouco o velocímetro de nossas vidas, ela está totalmente no TURBO, tudo exige muita velocidade e pressa!
Isso faz com que o lúdico se torne ultrapassado, antigo e praticamente inútil.
Nesse ponto a quarentena está nos mostrando que precisamos RELAXAR, ouvir mais, entender mais o lado do nosso irmão. A comunicação é importante para que possamos ter uma vida sossegada com nossos irmãos.
A vida não é como uma das estrada da Alemanha: perfeita sinalizada, feita com asfalto reciclado de pneus, não é um mar de rosas. A vida é como as estradas do Brasil esburacadas, mal sinalizadas. Por isso, cabe a cada um prestar atenção nos buracos, nos redutores de velocidades, nos animais, etc. Precisamos estar com nosso meio de transporte bem regulado, pneus cheios, enfim, precisamos ter mais cuidado e atenção!

Peço desculpas pelo grande texto mas achava necessário contar este “causo” e a mensagem que ele nos proporciona.

Na paz,

Alexandre Passos
Palestras
21. 98621-0952

Um comentário em “Quando Há Falha na Comunicação

  • 26/04/2020 em 16:04
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    Muito boa história e melhor ainda a reflexão.
    Parabéns meu nobre jornalista.
    Comunicação é essencial kkkkk

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