O Gospel e sua representação (ainda) hoje
A música gospel avançou consideravelmente em termos de conquista de espaço no Brasil. Uma das provas disso foi o programa que a Rede Globo veiculou num passado recente chamado “Festival Promessas”, que veio a ser o primeiro show gospel exibido pela emissora e que teria a chance, na ocasião, de ser guindado à atração semanal. O mais otimista dos evangélicos brasileiros jamais poderia aventar a possibilidade de a TV do Jardim Botânico colocar em sua grade uma atração com cantores da música gospel nacional, mas, o evento foi confirmado para quem quisesse assisti-lo.
Nossa música viveu dias de vacas magras quando o assunto foi divulgação nos canais da mídia popular. O que se tinha, internamente, era a rádio Copacabana AM, aqui no Rio de Janeiro, durante os anos 70 e boa parte dos 80, até que apareceu a primeira FM, a rádio Melodia, também carioca. Logo depois veio a também FM 93,3, rádio El Shaday, e hoje poderíamos citar várias delas espalhadas pelo Brasil afora.
Não nos esqueçamos das TVs que, mesmo que alguns proprietários não fossem professantes do protestantismo, exibiram alguns programas patrocinados por variadas igrejas, com algum espaço para a música gospel – alguns até permanecem no ar com canais já exclusivos das denominações. Como uma das exceções estava a TV Boas Novas com seu conteúdo totalmente voltado para a temática evangélica, ainda que segmentalmente relativa à denominação Assembleia de Deus.
A questão recorrente diz respeito aos estilos musicais utilizados, hoje, por nossos intérpretes e autores. Será que suas canções agradam a todos os ouvintes que sintonizam os dials das rádios? Este questionamento foi trazido à baila numa pesquisa lançada na rede mundial de computadores: a famosíssima World Wide Web, ou, para os íntimos, a WWW.
Ocorre é que o sítio norte-americano postou há alguns anos a matéria com o título Many Christians turn a deaf ear to contemporary Christian music (Muitos cristãos fazem ouvidos moucos para a música cristã contemporânea), artigo escrito por Rich Copley – eis o original: https://www.kentucky.com/living/religion/article44138634.html.
O colunista ressaltava, entre outras constatações, que cerca de 90% dos cristãos nos Estados Unidos não ouviam rádios que tocavam gospel.
Outros trechos da postagem de Copley dizia: “Nos últimos anos, o gênero tornou-se quase uma vítima de seu próprio sucesso (…). Além disso, muitos tentam colocar distância entre si e o gênero cristão (…).
Com uma forte base de apoio nas igrejas dos EUA, é seguro dizer que a música cristã contemporânea, em particular, a categoria “louvor e adoração”, provavelmente, não vai a lugar nenhum em breve.
Mas é interessante notar que quando se trata de música cristã contemporânea e os cristãos do país, o coro não está escutando.”
O artigo da época seria, também, um alerta para nossa música? A preocupação é dimensionada se colocarmos na balança o fato de que praticamos aqui um profundo mimetismo a tudo o que acontece na terra dos vizinhos da América do Norte.
Mesmo hoje em tempos de música digital fica no ar essa interrogação.
Por Elvis Tavares