Frida Vingren: Uma Mulher a frente do Seu Tempo
Nascida em Junho de 1891, no norte da Suécia, Frida Maria Strandberg Vingren era de uma família de crentes luteranos. Formou-se em Enfermagem chegando a ser chefe da enfermaria do hospital onde trabalhava. Tornou-se membro da Igreja Filadélfia de Estocolmo, onde foi batizada nas águas pelo pastor Lewi Pethrus, em 24 de Janeiro de 1917. Pouco depois, recebeu o batismo com o Espírito Santo e o dom de profecia.
O chamado para a obra missionária sempre a impulsionou. Nessa época, surgiu na Suécia um movimento por missões, onde muitos jovens estavam imbuídos do desejo de ganhar almas para Cristo. Após comunicar ao pastor Pethrus que o Senhor a chamara para o campo missionário brasileiro, Frida ingressou em um Instituto Bíblico na cidade de Götabro, província de Närkre. O curso era freqüentado por pessoas que já tinham o chamado para missões e por aqueles que tinham apenas vocação missionária. Frida veio para o Brasil no ano de 1917, enviada pela igreja sueca e obedecendo ao chamado de Deus.
Em uma das visitas de Gunnar Vingren à Suécia devido ao seu debilitado estado de saúde, ele conheceu Frida com quem travou forte amizade.
Frida casou-se com o pastor Gunnar Vingren (fundador das Assembléias de Deus no Brasil) em 16 de Outubro de 1917, em Belém do Pará, numa cerimônia presidida pelo missionário Samuel Nyström. O casal teve seis filhos: Ivar, Rubem, Margit, Astrid, Bertil e Gunvor.
Em Março de 1920, Frida foi acometida de malária, sofrendo com terríveis ataques de febre. Durante dois meses e meio, a luta pela vida foi tamanha, a ponto do marido pedir que Deus a curasse ou a levasse para si. Nesse período, a igreja em Belém se colocou em oração e jejum, esperando de Deus um milagre, que ocorreu em 03 de Junho de 1920. Depois de seu restabelecimento, ela enfrentou o problema de saúde do marido. A partir do final daquele ano, Gunnar Vingren começou a sofrer de esgotamento físico, em consequência da dedicação exclusiva ao trabalho do Senhor, e pelas vezes que também contraiu malária. Por esse motivo, o casal decidiu passar um período na Suécia. O retorno ao Pará ocorreu em fevereiro de 1923.
Depois de muitos anos no Pará, a família Vingren, nessa época com quatro filhos, decidiu ir para o Rio de Janeiro. A mesma vontade de ganhar almas para Cristo continuou e o casal alugou uma casa no bairro de São Cristóvão, na Zona Norte da cidade, onde inaugurou o primeiro salão de cultos da AD no estado. Irmã Frida continuou desenvolvendo atividades evangelísticas e abrindo frentes de trabalho em muitos lugares. A obra social da igreja, bem como grupos de oração e de visitas, ficou sob a responsabilidade da missionária. O dom de ensinar podia ser visto nas classes de Escola Dominical.
Na abertura dos cultos, fazia a leitura bíblica inicial e quando o marido se ausentava em visita ao campo, era irmã Frida quem o substituía pregando e dirigindo os trabalhos. Ela gostava de ministrar estudos bíblicos.
O desprendimento da missionária e sua forte atuação na obra de Deus, muitas vezes foi motivo de crítica por parte de alguns. Mas, mesmo assim, ela nunca se limitou a desempenhar a função que o Senhor havia colocado em seu coração. Foi dirigente oficial dos cultos realizados aos domingos na Casa de Detenção no Rio e pela facilidade que tinha para se expressar pregava em todos os pontos de pregação da AD no Rio de Janeiro, em praças e jardins. Os cultos ao ar-livre promovidos no Largo da Lapa, na Praça da Bandeira, na Praça Onze e na Estação Central eram dirigidos por Frida Vingren.
Pela facilidade que tinha com a palavra escrita, Frida destacou-se entre os mais importantes colaboradores dos jornais Boa Semente, O Som Alegre e Mensageiro da Paz (que substituiu os dois primeiros a partir de 1930). Ela escrevia e traduzia mensagens evangelísticas, doutrinárias e de exortação. Foi também comentarista da Revista Lições Bíblicas de Escola Dominical na década de 30.
Além de escrever, Frida sempre se dedicou à música. Cantava, tocava órgão, violão e compunha hinos de grande valor espiritual. Frida foi compositora e tradutora de 35 hinos. Alguns fazem parte da Harpa Cristã, dentre eles, Deixai entrar o Espírito de Deus (n° 85) e Uma Flor Gloriosa (n° 196).
As 23 Canções de Frida Vingren da Harpa Cristã:
➡️ Hino 028: Deus vai te Guiar;
➡️ Hino 320 : Seguir a Cristo;
➡️ Hino 059: Eu Creio, Sim;
➡️ Hino 361: O Peregrino e a Glória;
➡️ Hino 085 : Deixai Entrar o Espírito Santo;
➡️ Hino 379: Salvo de Graça;
➡️ Hino 097: Há um Caminho Santo;
➡️ Hino 390 : Um Coração Bondoso;
➡️ Hino 121: Maravilhoso é Jesus;
➡️ Hino 391: Jesus no Monte da Ascenção;
➡️ Hino 126: Bem-Aventurança do Crente ;
➡️ Hino 394: A Mão do Arado;
➡️ Hino 158 : Que Farás de Jesus Cristo;
➡️ Hino 397: O Salvador me Achou;
➡️ Hino 177 : Salvo Estou;
➡️ Hino 445: Resgatado Com o Sangue de Cristo;
➡️ Hino 196 : Uma Flor Gloriosa; ➡️ Hino 472 : Em Meu Lugar;
➡️ Hino 246 : O Descanso em Jesus;
➡️ Hino 515 : Se Cristo Comigo Vai;
➡️ Hino 255 : Meu Redentor;
➡️ Hino 516 : Cristo, Meu Vero Amigo;
➡️ Hino 316: Em Busca de Sião.
Entre idas e vindas em um hospital psiquiátrico de Estocolmo, a missionária sueca perdera quase 40 quilos. Ela fora internada pela primeira vez no dia 12 de Janeiro de 1935, levada da estação central da cidade, quando tentava tomar um trem que a levaria para Portugal – de onde, acredita-se, pegaria um navio de volta para o Brasil.
Detida na estação de trem de Estocolmo, ela já sai com uma camisa de força em direção ao hospital psiquiátrico. A igreja lhe tira a guarda dos filhos e doa todos os seus pertences.
Para Kajsa Norell, é difícil dizer se, naquele momento, Frida realmente tinha algum tipo de doença psiquiátrica. “Ela estava esgotada, física e mentalmente, já tinha tido malária no Brasil e, provavelmente, sofria de alguma doença na tireóide”.
Em nenhum dos prontuários médicos, contudo, há o diagnóstico de que ela sofria de algum distúrbio mental.
Durante sua pesquisa, a autora percebeu “alguma coisa estranha” nos olhos de Frida. Quanto mais recente a fotografia, mais saltados eles pareciam. A partir dos registros médicos da missionária, especialistas concluíram que ela tinha possivelmente hipertireoidismo – doença que provavelmente a matou.
Depois de quinze anos dedicados ao Brasil e de muito sofrimento por amor à Obra, a família Vingren decidiu retornar à Suécia em Setembro de 1932. Dias antes da partida, a filha Gunvor faleceu, vítima de uma infecção na laringe. Frida faleceu em 30 de Setembro de 1940, sete anos após o falecimento do marido, aos 49 anos, nos braços da filha. Abatida, ela pesava 23 quilos.
Muitas vezes mal compreendida, questionada e criticada, Frida tinha certeza do seu chamado. Sua única convicção era de que o Senhor Jesus a acompanhava em todos os momentos de sofrimento e luta.
Ela entrou para a História como um dos maiores nomes do Movimento Pentecostal no Brasil.