Conheça a biografia de Emílio Conde
Emílio Conde (Urros- Portugual 1901 — Rio de Janeiro – RJ 1971) foi um escritor, compositor, tradutor e evangelista pentecostal.
Seus pais, João Baptista Conde e Maria do Rosário Fernandes eram de origem portuguesa. O primeiro contato de Emílio com o Evangelho foi na Congregação Cristã no Brasil, fundada por italianos. Ali, o futuro escritor evangélico creu em Jesus Cristo e se tornou membro da igreja no dia 21 de abril de 1919, sendo em seguida batizado com o Espírito Santo. Transferindo-se para o Rio de Janeiro, passou a freqüentar a Assembleia de Deus na Rua Figueira de Melo, 232, em São Cristóvão, pastoreada na época pelo missionário Samuel Nyström.
Por opção, Emilio Conde preferiu manter-se no celibato por toda a sua vida e nunca aceitou nomeações ministeriais.
Emílio Conde transferiu-se de sua denominação e tornou-se membro das AD’s. Em 1937, o missionário Nils Kastberg encontrou-o trabalhando como intérprete em um restaurante do Rio de Janeiro. A Casa Publicadora começava a surgir nesse ano.
“Irmão Conde, necessitamos de alguém para atender ao expediente da redação de nosso periódico, o ‘Mensageiro da Paz’. Sabemos que o irmão reúne em si todas as qualificações necessárias para tal cargo. O irmão aceita ser nosso redator?”
Surpreso, antevendo a determinação divina que se sobressaía naquele convite tão simples, e sentindo-se tocado em um dos pontos fundamentais de sua vida, a sua vocação, aceitou. Era o amanhecer do ministério do apóstolo da imprensa evangélica pentecostal no Brasil.
Sua admissão oficial como funcionário da CPAD data de 15 de março de 1940. Daí por diante, por mais de trinta anos Emílio Conde dedicaria à CPAD seu talento, sua cultura, sua impressionante capacidade de trabalho, sua mente clara e fecunda. Era um homem humilde, simples. Não costumava ostentar os conhecimentos que possuía. Entre os amigos, sua palavra simples e amena, dosada pelo bom humor e pela sinceridade, descontraía a todos que a ele se achegassem.
Seu trabalho na imprensa evangélica não foi uma profissão: foi um sacerdócio. Trabalhou para levar a semente da Palavra aos corações, e nisto empregou toda a sua vida. Deu-se a si mesmo, como está:
“…mas a si mesmo se deram, primeiramente ao Senhor e depois a nós, pela vontade de Deus.” (II Coríntios 8:5)”
E era tão grande seu amor por esse trabalho, que chegou a rejeitar muitas propostas de empregos extra-evangélicos, pois se os aceitasse, tornar-se-ia inepto para o desempenho da função que exercia. E, agindo assim, sempre esteve à altura da posição que ocupava, e sempre pronto a cooperar com a causa das Assembléias de Deus no Brasil. De 1946 a 1958 representou oficialmente as Assembléias de Deus no Brasil nas Conferências Mundiais Pentecostais, havendo estado em Estocolmo, Londres e Toronto. E foi também, durante muitos anos, representante, não só na Diretoria, mas também nas Comissões da Sociedade Bíblica do Brasil.
Quando principiou a escrever em função do Evangelho, eram poucos os que entre nós podiam e se prestavam a tal ofício.
Portanto, foi de sua caneta que fluiu a maioria dos artigos, das notícias e das reportagens usadas no nosso jornal e nas nossas revistas, e ainda nos livros da CPAD e tudo mais que ia do Sul ao Norte do Brasil para as nossas igrejas – as mensagens escritas para edificação dos fiéis. Seu conhecimento e sua visão espiritual abrangia toda a comunidade evangélica brasileira.
Empenhou-se a fundo em obter dados no Movimento Pentecostal no Brasil e no mundo e, como resultado, escreveu os livros: “O Testemunho dos Séculos e História das Assembléias de Deus no Brasil“ (este último, reescrito e ampliado pela CPAD).
Escreveu também os seguintes livros: “Asas do Ideal”, “O Homem”, “Pentecostes para Todos”, “Igrejas sem Brilho”, “Nos Domínios da Fé”, “Caminhos do Mundo Antigo”, “Flores do Meu Jardim”, “Tesouros de Conhecimentos Bíblicos” e “Estudos da Palavra”.
Era, sobretudo, um homem de oração. Foi orando que recebeu de Deus inspiração para compor 25 hinos de nossa harpa, e outros, sendo dois em parceria com o missionário Nils Kastberg, e cinco com a missionária Eufrosine Kastberg. Integrou, durante muitos anos, o Coral da Assembléia de Deus em São Cristóvão, tendo sido também organista e acordeonista. Gostava muito de cantar, e todos quantos o ouviam, sentiam vibrar as cordas de seu coração, pois ele estava sempre desejando “as ruas de ouro e cristal da formosa Jerusalém”.
Na Harpa Cristã
Identificamos 23 hinos na Harpa Cristã:
– Autoria e Composição:
026-A FORMOSA JERUSALÉM
– Tradução/Versão/Adaptação:(199-214-227-228-247-296-303-306-308-395-449-450-451-453-501)
– Parceria Nils Kastberg e Emilio Conde: (342-447-486)
– Parceria Eufrosine Kastberg e Emilio Conde: (295-297-302-305)
199 – A CEIA DO SENHOR
214 – DESEJAMOS IR LÁ
227 – DEUS AMOU ESTE MUNDO
228 – ESTE MUNDO NÃO COMPREENDE
247 – DEUS NOS GUARDE NO SEU AMOR
295 – NOVO CANTO DE LOUVOR
296 – NO JARDIM
297 – ABUNDÂNCIA DE CRISTO
302 – NÃO MURMURES; CANTA
303 – PRECISAMOS DE JESUS
305 – CAMPEÕES DA LUZ
306 – A PALAVRA DE DEUS É UM TESOURO
308 – SÓ O SANGUE DE JESUS
342 – AS CORDAS DO CORAÇÃO
395 – IDE POR TODO O MUNDO
447 – NASCER DE NOVO
449 – À BEIRA DA ESTRADA
450 – O SOL DA JUSTIÇA
451 – MEU NOIVO VEM
453 – DEUS É O MESMO
486 – VASOS TRANSBORDANTES
501 – VENCENDO COM O BOM CAPITÃO
Em janeiro de 1971, acometido de uma já antiga enfermidade, oriunda de complicações pós-operatórias, baixou o Hospital Evangélico, na Tijuca. Uma semana antes a irmã Didi, enfermeira que cuidou dele nos últimos meses, o encontrara dormindo com a caneta entre os dedos, debruçado totalmente sobre o trabalho inacabado. Seria sua última página escrita. Aplicadas todas as forças da alma e do corpo para servir a Cristo, toda sua vida não lhe fora suficiente; era-lhe necessário passar para a eternidade e continuar servindo “Aquele que é mais sutil que o ar, mais ligeiro que o relâmpago, e cujo olhar é mais belo que um alvorecer de primavera, e mais suave que a claridade das estrelas”.
Ás 13.00 horas do dia 5 de janeiro de 1971, Emílio Conde dormiu no Senhor. Às 17.00 horas do mesmo dia seu corpo saía do Hospital Evangélico para ser velado no Templo da Assembleia de Deus em São Cristóvão, ficando próximo ao púlpito, aquele mesmo púlpito onde pregara tantas vezes e onde tantas vezes cantara. A rádio Nacional, a Tupi e a Globo noticiaram com detalhes o seu falecimento.
O seu compacto “Águas Vivas” foi tocado durante toda a noite, nos intervalos dos muitos que usaram da palavra.
Pela manhã, às 9.30 horas, chegou o Vice-Governador do Rio de Janeiro, o doutor Erasmo Martins Pedro. No seu breve discurso, ele disse que Emílio Conde em vida “fazia o trabalho do acendedor de lampiões: entrava numa rua escura e ia deixando luz atrás de si”.
Representantes de instituições batistas disseram que Emílio Conde não pertencia somente às Assembleias de Deus, mas aos evangélicos de todo o Brasil.